O QUE SÃO?
As malformações uterinas são anomalias que surgem durante a formação e desenvolvimento das estruturas que irão formar o útero do bebê (ductos de Muller) durante a vida intrauterina. Dependendo do estágio de desenvolvimento que essas alterações ocorrem, diferentes malformações são geradas, variando desde um fino septo dentro da cavidade uterina até a duplicidade do útero.
A grande maioria das anomalias não impede a concepção e a implantação embrionária, porém está relacionada a desfechos obstétricos adversos como abortos de repetição, partos prematuros, restrição de crescimento fetal e dificuldades no trabalho de parto.
As malformações uterinas podem ter varias causas, desde fatores genéticos até fatores externos como agentes teratogênicos (qualquer substância, agente físico ou estado de deficiência, que estando presente durante a vida embrionária, produz malformação).
INCIDÊNCIA
A incidência é difícil de estimar, visto que muitas portadoras são assintomáticas (ausência de sintomas). Na população geral, os estudos demostram uma incidência de 3 a 5%. No entanto, considerando pacientes com mal histórico obstétrico, essa incidência aumenta para 15 a 25%.
Anomalias urinárias estão presentes em 20 a 30% das mulheres com malformações uterinas. Consequentemente, uma vez estabelecido o diagnóstico de malformação uterina, a investigação do trato urinário é recomendada.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
De acordo com o tipo de anomalia, os sintomas podem ser dor pélvica, em decorrência do impedimento à saída do sangue menstrual (obstrução do útero ou vagina), cólicas menstruais, abortamentos, parto prematuro e algumas mulheres são assintomáticas (não apresentam sintoma algum). Em muitos casos, o diagnóstico de malformação uterina é feito após perdas gestacionais ou dificuldade para engravidar. Por isso, é importante a avaliação ginecológica de rotina e o planejamento reprodutivo antes de engravidar.
DIAGNÓSTICO
As malformações uterinas são diagnosticadas durante a avaliação ginecológica de rotina, ou como parte da investigação de infertilidade e/ou complicações obstétricas. O diagnóstico pode ser feito por meio de diferentes exames, como a ultrassonografia transvaginal simples ou tridimensional (3D), a ressonância nuclear magnética pélvica, histeroscopia ou histerossalpingografia. Em alguns casos, é necessário associar mais de um exame para conclusão diagnostica.
MALFORMAÇÕES UTERINAS E FERTILIDADE
Geralmente as malformações uterinas não impedem a gravidez, mas podem dificultar a evolução da gestação pela falta de espaço adequado para o desenvolvimento fetal, e até mesmo levar a interrupções gestacionais prematuras.
Dentre as anomalias uterinas: o útero septado é o tipo mais frequente e com desfecho reprodutivo mais desfavorável, responsável por 10 a 15% das perdas gestacionais recorrentes. Outras malformações são: útero didelfo, bicorno e unicorno.
O útero arqueado apresenta uma discreta irregularidade na cavidade e, geralmente, não é considerado prejudicial para a evolução da gravidez.
COMO TRATAR?
O tratamento vai depender do tipo de malformação, do grau de comprometimento do útero e do desejo reprodutivo da mulher. Em alguns casos a cirurgia é necessária, visando restaurar a arquitetura uterina normal e melhorar taxas de gravidez. É importante ressaltar que o tratamento cirúrgico nem sempre é eficaz, visto que alterações vasculares ou funcionais do endométrio, miométrio e colo uterino podem também estar presentes. Outros tipos de malformação uterina não necessitam de abordagem cirúrgica, o que chamamos de tratamento expectante.
A técnica mais utilizada é a cirurgia minimamente invasiva com histeroscopia e se necessário, histeroscopia associada a videolaparoscopia.
Estudos científicos mostram potencial benefício da cerclagem uterina (procedimento cirúrgico que costura o colo uterino para evitar aborto ou parto prematuro) em pacientes com malformações uterinas. No entanto, os critérios utilizados para realização deste procedimento devem ser individualizados.
Mulheres com alterações anatômicas mais graves podem recorrer à técnica de gestação de substituição ou barriga solidária, tratamento regulamentado pelo Conselho Federal de Medicina, em que essas pacientes passam pelo processo de fertilização in vitro e os embriões formados são então transferidos para um útero de outra mulher (útero de substituição).