A infertilidade é uma condição caracterizada pela dificuldade de engravidar. Os casos de infertilidade estão relacionados a fatores masculinos e femininos, sendo 40% relacionados à mulher, 40% ao homem, 15% relacionados ao casal e 5% em que não há uma causa aparente.
Um casal com uma boa fertilidade tem, em um mês de tentativas, chances de 10% a 15% de gravidez, a depender, entre outros fatores, da idade da mulher. Depois de 3 meses, 60% dos casais férteis já terão engravidado, e depois de 6 meses, esse número sobe para 85%. Após 1 ano, 90% dos casais férteis terão sucesso na gravidez.
QUANDO PROCURAR UM ESPECIALISTA?
O casal em idade reprodutiva, que tem relações sexuais frequentes, sem métodos contraceptivos há mais de 12 meses e não consegue engravidar, deve buscar o aconselhamento de um especialista em reprodução assistida para avaliação da fertilidade.
O potencial reprodutivo está diretamente relacionado à idade e, por isso, nem sempre o casal pode esperar um ano de tentativas para consultar um médico. Algumas alterações já conhecidas podem prejudicar a fertilidade e devem ser avaliadas ou tratadas até mesmo antes das tentativas, como endometriose ou irregularidade menstrual.
Além disso, casais homoafetivos, pessoas que buscam a preservação da fertilidade ou maternidade/paternidade independente também devem procurar um especialista em reprodução assistida.
IDADE E HÁBITOS DE VIDA
A idade impacta de maneira mais determinante a fertilidade feminina, mas esse fato também acontece nos homens. Nas mulheres, sabemos que, com o passar dos anos, o número de óvulos diminui e entre os 45-55 anos de idade elas já não terão mais óvulos ou não terão óvulos com qualidade.
Já os homens continuam produzindo uma grande quantidade de espermatozoides aos 30, 40, 50 anos ou mais.
Nas últimas décadas, pesquisas estão revelando que, com o passar do tempo, a quantidade e a qualidade dos espermatozoides no sêmen diminuem, dificultando a fecundação do óvulo. Assim, o homem não perde sua capacidade reprodutiva, mas as chances de fertilização vão se reduzindo.
Com relação aos hábitos de vida, algumas mudanças podem melhorar os índices de fertilidade do casal, como a redução do consumo de bebidas alcoólicas, o abandono do cigarro, uma dieta balanceada e a prática de atividade física.
PRINCIPAIS CAUSAS
DA INFERTILIDADE FEMININA
- Idade
- Distúrbios ovulatórios, incluindo diminuição da reserva ovariana
- Endometriose
- Menopausa precoce
- Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP)
- Outras: hidrossalpinge (dilatação das tubas uterinas), miomas, pólipos uterinos, adenomiose, malformações uterinas, doenças inflamatórias pélvicas, além de fatores imunológicos, hormonais e genéticos.
DIAGNÓSTICO FEMININO
O diagnóstico de infertilidade na mulher depende da avaliação de um especialista em Reprodução Assistida, que poderá solicitar os seguintes exames:
- Exames hormonais
- Sorologias(ex: hepatite, HIV)
- Pesquisa de fatores imunológicos e trombofilias(alteração de coagulação do sangue)
- Ultrassonografia pélvica e transvaginal
- Histerossalpingografia
- Histeroscopia diagnóstica
- Ressonância nuclear magnética
PRINCIPAIS CAUSAS
DA INFERTILIDADE MASCULINA
- Varicocele
- Alterações hormonais
- Uso de medicações
- Infecções do trato genital
- Alterações genéticas
- Hábitos de vida
- Comorbidades
- Tratamentos médicos prévios ou atuais
DIAGNÓSTICO MASCULINO
Homens com algum fator determinante de infertilidade devem ser avaliados por um urologista especialista em Reprodução Humana/Assistida, que poderá solicitar alguns exames:
- Espermograma e Fragmentação do DNA espermático
- Exames hormonais
- Sorologias (ex: hepatite, HIV)
- Ultrassom dos testículos
- Análise genética
TRATAMENTO
Depende da causa da infertilidade e de um bom diagnóstico. Entre as técnicas mais realizadas, temos:
• Relação Sexual Programada • Inseminação Artificial • Fertilização In Vitro (FIV) • Útero de Substituição
• Ovodoação (doação de óvulos) • Doação de sêmen.
Recomenda-se sempre o aconselhamento de um profissional especialista em Reprodução Assistida para a escolha da melhor técnica.
Abortos de Repetição e Falha de Implantação
Quando ocorrem duas ou mais perdas gestacionais antes de completar 20 semanas de gravidez, considera-se como aborto de repetição.
Essa condição acomete 5% dos casais que estão tentando engravidar, gerando muitas dúvidas nos pacientes. É preciso fazer uma investigação minuciosa para descobrir a causa e evitar que a perda gestacional aconteça novamente.
As causas mais comuns envolvem fatores uterinos, fatores genéticos, fatores imunológicos, trombofilias e fator hormonal. Sabemos que a idade da mulher está diretamente relacionada à fertilidade e, por isso, as alterações cromossômicas (genéticas) embrionárias, geralmente relacionadas à idade, estão entre as principais causas de aborto.
As aneuploidias (um tipo de alteração cromossômica) estão relacionadas em até 80%-90% dos casos de abortamentos espontâneos que ocorrem em gestações com menos de 10 semanas.
Coincidentemente, essas cinco principais causas de perda gestacional também podem ser responsáveis pela falha de Implantação na Fertilização In Vitro (FIV) – ocorrência em que um embrião saudável, ao ser transferido para o útero que também está saudável, não resulta em um teste de gravidez (beta-HCG) positivo.
A seguir, confira mais detalhes sobre as causas que podem levar à falha de implantação e aos abortos de repetição:
FATORES GENÉTICOS
Principal causa associada aos abortos de repetição e à falha de implantação.
Grande parte desses fatores genéticos está relacionada à idade do casal ou a alguma mutação genética que eles possuem. Por isso, pode ser recomendada a realização de um estudo pré-implantacional do embrião, em que é feita uma biópsia embrionária, permitindo a seleção dos embriões saudáveis para transferência ao útero da mulher.
FATORES UTERINOS
Podem ser as alterações anatômicas do órgão como: presença de sinéquias, miomas, pólipos, septo dentro da cavidade uterina ou, ainda, alterações endometriais relacionadas a fatores inflamatórios.
A investigação dos fatores uterinos é feita com três principais exames:
- Ultrassom 3D
- Ressonância magnética
- Histeroscopia diagnóstica e uma biópsia do endométrio se necessário.
FATORES IMUNOLÓGICOS
São considerados fatores imunológicos situações em que as células de defesa da mulher podem agir contra a implantação adequada dos embriões.
Esta condição pode ser diagnosticada previamente por meio de testes de anticorpos. Porém, tais testes são experimentais, e ainda não existe um embasamento científico adequado para uso na prática clínica.
TROMBOFILIAS
São condições que aumentam o risco de trombose, prejudicando o processo de implantação, de desenvolvimento placentário e seguimento da gestação.
As trombofilias podem ser congênitas (Antitrombina III, Mutação do Fator V e Mutação da Protrombina, entre outras) ou adquiridas, que surgem ao longo da vida, como a Anticardiolipina e a Anticoagulante Lúpico (Síndrome Antifosfolípide).
O tratamento recomendado para as trombofilias é o uso de anticoagulantes – uma forma de diminuir o risco do aborto e de outras condições obstétricas.
FATOR HORMONAL
Algumas condições hormonais podem interferir no desenvolvimento inicial da gestação:
- Disfunções da tireoide
- Alterações do hormônio prolactina
- Diabetes
- Alteração do colesterol e triglicerídeos
- Sobrepeso
Por se tratarem de fatores biológicos, os sintomas podem variar de pessoa para pessoa. Por isso, é muito importante que, ao enfrentar uma perda gestacional, o casal procure um profissional especializado em Reprodução Assistida para investigação das possíveis causas e recomendação do tratamento mais adequado.
DIAGNÓSTICO
Normalmente, após perdas gestacionais, alguns exames são solicitados pelo médico para investigar a possível causa:
- Cariótipo do casal para avaliação de possíveis alterações cromossômicas
- Exames hormonais para avaliar alterações que possam atrapalhar a evolução da gravidez
- Testes de anticorpos envolvidos com abortos
- Testes para avaliação das trombofilias adquiridas e hereditárias
- Ultrassonografia transvaginal e ressonância magnética para avaliação de malformações estruturais uterinas
- Espermograma e fragmentação de DNA seminal para o homem
TRATAMENTO
O tratamento varia de acordo com a causa do aborto ou da falha de implantação. Em boa parte dos casos de abortos de repetição, recomenda-se a Fertilização In Vitro (FIV) com biópsia embrionária, para avaliação da viabilidade genética do embrião. A melhor estratégia terapêutica é indicada pelo profissional de Reprodução Assistida após análise de exames e histórico de saúde do casal.
Reserva Ovariana
Sabemos que a idade da mulher está diretamente relacionada à fertilidade e, por isso, é muito importante ter o conhecimento de que, quanto mais avançada a idade, maior será a probabilidade da mulher ter dificuldade para engravidar.
A reserva ovariana representa a quantidade de folículos (estruturas que armazenam os óvulos) presentes nos ovários das mulheres. Toda mulher nasce com uma quantidade de óvulos (produzidos ainda no útero materno), que vai decaindo progressivamente ao longo da vida, até a menopausa.
Apesar da mulher liberar apenas um óvulo por ciclo menstrual, o processo de maturação deste óvulo envolve o desenvolvimento de vários folículos no mesmo ciclo. No fim deste processo, apenas um dos folículos torna-se maduro, dando origem ao óvulo. Os outros folículos envolvidos sofrem atresia (degeneração), o que significa que uma grande quantidade de óvulos é perdida todos os meses.
A baixa reserva ovariana é uma situação na qual a mulher responde com poucos óvulos ao processo de estimulação ovariana.
DIAGNÓSTICO
Mulheres que possuem baixa reserva ovariana não necessariamente são inférteis, mas podem encontrar mais dificuldades para ter uma gestação por FIV. Quando falamos em reserva ovariana é importante reforçar que quantidade não significa qualidade. Algumas mulheres podem ter uma idade mais avançada e apresentarem boa reserva ovariana, porém a qualidade desses óvulos não é boa. De outro lado, uma mulher jovem com baixa reserva ovariana pode engravidar facilmente de forma espontânea ou com auxílio de algum tratamento.
A ultrassonografia transvaginal é um dos principais exames para a contagem de folículos antrais nos ovários. A quantidade de folículos antrais está diretamente relacionada à idade, diminuindo ao longo da vida.
Algumas dosagens hormonais são importantes marcadores para avaliação da função ovariana. LH, FSH e estradiol são dosagens hormonais relacionadas ao ciclo menstrual e, quando em desequilíbrio, podem interferir na gestação.
A dosagem do hormônio antimülleriano (HAM) é considerada o marcador mais eficiente da reserva ovariana de uma mulher. O exame que analisa os níveis de HAM produzidos pelos folículos ovarianos permite identificar uma estimativa aproximada da quantidade de óvulos atual e da potencial resposta ovariana, caso a mulher seja submetida à estimulação ovariana através de um tratamento de reprodução assistida.
Menopausa Precoce
A menopausa é caracterizada pela total ausência de função do ovário. Isso significa que a mulher não tem mais óvulos quando atinge a menopausa. É chamada de menopausa precoce quando atinge mulheres abaixo dos 40 anos e ocorre em até 1% dessas mulheres.
PRINCIPAIS CAUSAS
Alguns fatores podem levar à menopausa precoce:
- Histórico familiar
- Realização de tratamentos como quimioterapia ou radioterapia
- Doenças genéticas ligadas ao cromossoma sexual X, como a síndrome de Turner e a síndrome do X frágil
- Doenças genéticas
- Doenças que acometem o sistema reprodutor ou doenças autoimunes
- Remoção dos ovários
PRINCIPAIS SINTOMAS
- Irregularidade menstrual ou ausência de menstruação
- Diminuição da libido
- Secura vaginal
- Ondas de calor
- Depressão
- Perda de memória
- Infertilidade
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
Mulheres com menopausa precoce apresentam níveis elevados do hormônio FSH, que atua no funcionamento dos ovários. A reposição hormonal é um dos tratamentos indicados para mulheres em menopausa, controlando sintomas e condições como a osteoporose, possibilitando também uma melhora na qualidade de vida.
Para pacientes com desejo reprodutivo e que não realizaram o congelamento de óvulos, o tratamento para engravidar mais indicado é a Fertilização in Vitro (FIV) com a utilização de óvulos doados.
Tratamentos para casais homoafetivos
Os casais homoafetivos que desejam ter filhos devem procurar uma clínica de Reprodução Humana para realizar um tratamento.
CASAIS HOMOAFETIVOS FEMININOS
Podem realizar dois tipos de tratamentos: Inseminação Intrauterina e Fertilização in Vitro (FIV). Ambos os tratamentos devem ser feitos com um doador anônimo de sêmen, por meio de bancos nacionais e internacionais, seguindo sempre a recomendação médica. Pela atual resolução do Conselho Federal de Medicina (2320/2022), é possível realizar a doação entre parentes de até 4º grau desde que não incorra em consanguinidade.
Inseminação Artificial
Considerada um tratamento de baixa complexidade, é um tratamento em que há indução da ovulação em uma das parceiras, acompanhada com ultrassonografias transvaginais seriadas. No período ovulatório, os espermatozoides são inseridos diretamente no interior do útero da parceira que vai gestar. Clique aqui para conhecer mais detalhes da Inseminação Artificial.
Fertilização in Vitro (FIV)
Na FIV, uma das parceiras passa pelo processo de estimulação ovariana, com indução da ovulação e coleta de óvulos. Após a fertilização em laboratório com os espermatozoides de um doador, os embriões resultantes da fertilização são implantados no útero de uma das parceiras, permitindo que ambas participem do processo de concepção, caso seja vontade do casal. Lembrando que a mulher que recebe os embriões deve realizar o preparo do endométrio. Clique aqui para conhecer mais detalhes da FIV.
CASAIS HOMOAFETIVOS MASCULINOS
A Fertilização In Vitro (FIV) com doação de óvulos e útero de substituição é o tratamento indicado.
- O casal deve escolher uma doadora anônima de óvulos baseados nas informações que devem considerar características físicas e tipagem sanguínea. Também é possível realizar a doação entre parentes de até 4º grau desde que não incorra em consanguinidade.
- A segunda etapa consiste na coleta de espermatozoides de um dos parceiros para realização da Fertilização In Vitro (FIV), em que os óvulos doados são fertilizados pelos gametas masculinos.
- Para que a concepção seja possível, os embriões formados são transferidos para o útero de uma parente de até 4º grau, desde que não seja a mesma doadora dos óvulos em caso de doação não anônima. Essa etapa é chamada de útero de substituição, e você pode conferir mais informações sobre ela clicando aqui.