DOENÇAS QUE AFETAM A FERTILIDADE MASCULINA

Varicocele

Caracterizada pela dilatação das veias dos testículos, a varicocele acomete cerca de 20% dos homens. Compromete a fertilidade masculina, pois eleva a temperatura local, prejudica a circulação do sangue e aumenta o acúmulo de substâncias tóxicas nesta região.

Essa condição pode alterar a produção e qualidade dos espermatozoides em alguns homens, ou aumentar a fragmentação do DNA dos espermatozoides, causando infertilidade.

PRINCIPAIS SINTOMAS

Costuma não causar sintomas. Nos poucos casos em que apresenta sintomas, são eles:

  • desconforto e/ou dor na região escrotal
  • inchaço ou presença de caroço nos testículos
  • alteração seminal (infertilidade)

DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO

O diagnóstico é realizado pelo exame físico, por meio da palpação da bolsa testicular pelo urologista. A ultrassonografia com doppler da região testicular é um exame complementar que avalia o calibre dos vasos e o refluxo de sangue presente nas veias. A alteração pode ser leve, moderada ou grave, definida pelo exame físico.

O tratamento é indicado para homens que possuem varicocele palpável na bolsa testicular e alteração seminal comprovada pelo exame espermograma.

A cirurgia, conhecida como varicocelectomia, é indicada em casos que estão relacionados à infertilidade. A microcirurgia subinguinal é a principal técnica utilizada, menos invasiva e com melhores resultados.

O tratamento cirúrgico pode viabilizar a gravidez natural ou, quando é necessário realizar um tratamento como a Fertilização In Vitro, melhorar a qualidade do sêmen. A avaliação e indicação deve ser feita por um especialista em reprodução assistida e um urologista.

Alterações Hormonais Masculinas

O desequilíbrio hormonal no homem pode ter inúmeras causas: alterações da tireoide, estresse, obesidade, utilização de medicações de origem hormonal, alterações dos testículos, entre outros.

O LH (Hormônio Luteinizante) e o FSH (Hormônio Folículo Estimulante) são responsáveis pela produção de testosterona (o principal hormônio sexual do homem) e pela produção dos espermatozoides, respectivamente. Quando acontece um desequilíbrio entre estes hormônios, o resultado pode ser alterações da produção de espermatozoides e os baixos níveis de testosterona, podendo levar à infertilidade masculina e sintomas.

PRINCIPAIS SINTOMAS

  • Impotência sexual – Disfunção erétil
  • Acúmulo de gordura corporal – Diminuição de massa muscular
  • Cansaço excessivo
  • Baixo crescimento de pelos

DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO

O diagnóstico do desequilíbrio hormonal nos homens é clínico, com análise dos sintomas e laboratorial, com exame de sangue para avaliar a dosagem de testosterona total e demais hormônios.

É uma das causas reversíveis de infertilidade masculina, tratada com ajustes hormonais de acordo com a causa do desequilíbrio.

Azoospermia

Atinge cerca de 2% da população masculina. Se manifesta com a ausência de espermatozoides no sêmen – líquido que carrega os espermatozoides e os mantêm vivos até o encontro com o óvulo.

DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO

O diagnóstico da azoospermia é feito pelo espermograma. A definição da causa da ausência de espermatozoides deve ser individualizada, com a avaliação do histórico médico completo do paciente, dosagens hormonais, exames de imagem e avaliação genética.

O tratamento dependerá do tipo de azoospermia.

OBSTRUTIVA: alteração no transporte dos espermatozoides, como o caso de pacientes que realizaram a vasectomia ou que não possuem os ductos deferentes, que são os canais de transporte dos espermatozoides a partir dos testículos. De forma geral, a azoospermia obstrutiva é tratável. Quando causada pela vasectomia, pode-se realizar a reversão por microcirurgia. Nos demais casos, é possível tratar com técnicas de reprodução assistida, através da obtenção de espermatozoides por aspiração percutânea do epidídimo (PESA), aspiração microcirúrgica de espermatozoides do epidídimo (MESA) ou ainda aspiração percutânea de espermatozoides do testículo (TESA).

NÃO OBSTRUTIVA: deficiência na produção de espermatozoides pelos testículos. Entre as principais causas, podemos citar as alterações hormonais, falência testicular, condições genéticas, varicocele, criptorquidia (quando os testículos ficam no canal inguinal) ou até mesmo uso abusivo de substâncias como álcool, cigarro, drogas e anabolizantes.

O tratamento pode incluir o uso de medicações, tratamentos hormonais, cirurgias reconstrutoras ou a captação de espermatozoides diretamente dos testículos, através da extração espermática testicular (TESE ou Micro-TESE).

Infecções do trato genital masculino

São causas potencialmente tratáveis de infertilidade masculina. Podem ser sintomáticas ou assintomáticas, por isso, é importante que todos os homens realizem acompanhamento médico constante. Em geral, estão associadas à inflamação local. Apesar do efeito direto ainda estar em estudo, podem comprometer a produção, o transporte e até mesmo a função dos espermatozoides.

Conheça, a seguir, as quatro principais infecções do trato genital masculino que podem levar à infertilidade:

PROSTATITE AGUDA

A prostatite aguda se manifesta pela inflamação ou infecção da próstata, que é a glândula sexual masculina responsável por produzir parte do líquido seminal, fundamental para a fertilidade. Pode ter várias causas, entre elas, a infecção pela bactéria Escherichia coli, ou por bactérias que chegam via corrente sanguínea. As prostatites podem dificultar tanto uma gestação natural quanto as técnicas de reprodução assistida. Os principais sintomas são: dificuldade ao esvaziar a bexiga e dor ao urinar; aumento da vontade de urinar; febre; urina de cor turva; dor na região do períneo. É diagnosticada após avaliação da história clínica e do exame físico.

Se considerar necessário, o médico pode solicitar exames de sangue, de urina, de Antígeno Prostático Específico (PSA), ultrassonografia ou ressonância magnética. O tratamento é feito com antibióticos.

EPIDIDIMITE

Inflamação do epidídimo (local de armazenamento dos espermatozoides). Pode ser adquirida pelo contato sexual, mas também é associada a infecções do trato urinário em pacientes de idade mais avançada. Os sintomas mais comuns são dor ao urinar; dor na relação sexual e/ou ao ejacular; indícios de sangue no sêmen; escroto avermelhado inchado ou com temperatura mais alta que o normal; intumescimento dos gânglios linfáticos da virilha; presença de secreção na uretra e febre.

O diagnóstico é feito por urologista em exame físico (observação e palpação), associados a exames de sangue, de urina e imagem (ultrassonografia), se necessário. E o tratamento é feito normalmente com antibióticos ou anti-inflamatórios e repouso.

ORQUITE

Esta infecção se manifesta através da inflamação de um ou dos dois testículos do homem, podendo ser aguda ou crônica. Quando aguda, em geral é sexualmente transmitida e causada pela Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae, em indivíduos jovens; e pela Escherichia coli nos mais idosos. Pode ser ainda causada por vírus, vindo da corrente sanguínea, principalmente o vírus da caxumba.

Orquites têm potencial de deixar sequelas como redução do volume testicular, prejuízo da função do testículo ou obstruções secundárias à cicatrização e fibrose. A orquite crônica normalmente não apresenta sintomas, porém, a orquite aguda costuma se manifestar através de inchaço e dor nos testículos que pode se irradiar; vermelhidão na região escrotal; sangue na ejaculação e/ou na urina.

É identificada pelo urologista através do exame físico e da história clínica. Como parte do diagnóstico também podem ser realizados exames de sangue, ultrassonografia da bolsa testicular e pesquisa de micro-organismos na urina ou sêmen do paciente. O tratamento da orquite varia de acordo com o tipo e a causa da infecção. Quando é viral, repouso e anti-inflamatórios; se for bacteriana, são receitados antibióticos para tratar a doença.

URETRITE

A uretrite, quando de causa infecciosa, em geral é sexualmente transmissível e pode acometer a uretra tanto dos homens quanto das mulheres. Os principais tipos são a uretrite gonocócica (causada pela bactéria Neisseria gonorrheae) e a uretrite não gonocócica (causada por alguns tipos específicos de microorganismos, como Chlamydia trachomatis, Ureaplasma e Mycoplasma).

Quando não tratadas, podem prejudicar a fertilidade, por isso, os seus sintomas iniciais exigem atenção: secreção na uretra; sangue na urina e/ou no sêmen; aumento do desejo e frequência de urinar; dor na relação sexual e/ou ejaculação; coceira no canal uretral; febre.

Após identificação dos sintomas, o urologista faz o diagnóstico pela análise do histórico do paciente, e depois pode solicitar exames como o de urina e o de análise da secreção uretral. O tratamento da uretrite é feito com antibióticos, de acordo com a possível causa da infecção.